domingo, 31 de outubro de 2010

Cantiga de embalar


Quando se perde a fé e a confiança,
Aí vem a Idade, sem piedade,
Dizer que é vã a esperança!
Com Amigos que te chamam à vida,
A idade é nota desprendida,
Porque a vida é sempre criança.

Com Amigos leais, tudo se enfeita,
Tudo cresce na mão agasalhada.
E já velha, a união, é núpcia sagrada,
É amor que se aceita,
É alma gémea, cantiga de embalar,
Cantigas de dormir e sonhar.

É assim, esse olhar
Na mágoa, a mesma graça,
O mesmo ar …
É assim, aquele olhar manso
E forte quando o outro traça;
Um olhar, quase ingénuo, quase vulgar,
Com o poder que investe a razão.
Ténue luz, forte coração,
Capaz de avaliar o cheiro a rosas celestes,
Por mais singelas e agrestes.

Nos teus olhos mansos, brilham safiras,
Pedras preciosas, quase esquecidas!
O teu coração desfaz-se nas birras
Com Amigos e suas perspectivas.

Quando um Homem tem esse olhar
Sereno, reconfortante, apaixonado pela vida,
Pouco mais há a dizer. Resta apenas observar
As telas pintadas e fingidas
E dizer não à mentira desnorteada,
E dizer sim à vida proclamada.

Acredito na vida para além da morte. Acredito que somos um Todo em busca de um caminho correcto, justo, honesto e verdadeiro. Tenho encontrado no meu percurso de vida, almas gémeas, seres que se coadunam com a visão de mundo que tenho, com o mundo que gostaria de encontrar. É claro que é uma utopia, quase absurda, que se torna real de uma forma efémera, quando encontramos outros seres que comungam do mesmo pensamento e da mesma busca, consciente ou inconscientemente.

Berta Quental Prata

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