O homem nasce nu, despido de roupagem,
Como pobre, acariciado no ventre materno,
Alheio ao mundo que o vai acolher.
Não traz consigo a raiva, a vingança ou a dor.
Desconhece o mundo que o fará viver,
Desconhece o caminho que o trouxe de volta,
À terra de ninguém, ainda envolta
Em neblina cristalina.
O homem nasce nu, liberto de luxúrias e de prazer,
Liberto de ódios e maldições.
Vem para crescer
E desenvolver
A personalidade, o amor, vencer tradições
Seculares, que o
fizeram padecer.
E, neste percurso humano, sorri à vida,
Grita de prazer,
Chora por tudo e por nada,
E vive olhando a flor a brotar,
Ouvindo o pássaro cantar,
Sorrindo, por tudo e por nada.
Cresce e vai desnudando
A alma, o corpo em crescimento.
Observa o outro, a si, desnudando-se,
Descobrindo o que o envolve,
Tal bicho selvagem,
Que se esconde em si mesmo,
Perdido agora na imagem
Guardada na relíquia do tempo
Que o abandonou à sorte e destino,
Em desatino,
Sem outro momento
Diferente da solidão.
Seres mudos e transitórios,
Surdos, aterrados,
Perdidos na imensidão
De círculos giratórios,
À espera de serem amados.
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