quinta-feira, 17 de março de 2016

Entre o Cá e o Lá…
É costume utilizar-se esta ideia em autores da Literatura Portuguesa: Bocage, Camões, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, entre outros, onde o Cá representa os dilemas da Terra e o Lá, a busca do sonho e da felicidade, a incógnita do que está para além da vida.
Não é preciso ir tão longe. A dor de Alma, as problemáticas sociais, a vida, a dor de sentir é uma característica do ser humano, sobretudo no contexto sociocultural, político e económico em que vivemos, onde a pessoa é esquecida a favor de entidades que desconhecemos, rotuladas pela abstração total – o número.
A Terra é uma boa Escola de aprendizagens e de crescimento, uma fonte que jorra múltiplas experiências, nem sempre de prazer.
Sem Professores não há Esperança, não há sonhos, não há verdade e transparência. A Escola Pública precisa de ser dignificada, não pelos Professores, que estão sobrecarregados de tarefas, muitos já sem forças, mas pela tutela, pelos alunos que a frequentam e pelos Pais que a Ela recorrem. Quando se fala em redução da classe docente, está em causa o desemprego para muitos, mas mais grave do que isso, serão as turmas de 30 ou mais alunos e, tal como já referi tantas vezes, é muito grave, tendo em conta o contexto socioeconómico que vivemos. É hora de refletirmos sobre o muito que se diz, sem se ter uma consciência real do que se fala.
O governo é uma turma indisciplinada, é um jogo de vaidades, …
Imaginem um professor a liderar esta turma. Ponderando a avaliação, tendo em conta os critérios de avaliação do segundo e terceiros ciclos, considerando valores: assiduidade, trabalho de casa, comportamento/postura, honestidade, transparência, a nota a atribuir seria de 1; considerando conhecimentos (tendo em conta que os mesmos abrangem a escolha de parceiros de governação e os próprios conhecimentos científicos da área política) a avaliação atribuída seria de 2. O total da avaliação seria 2, nota negativa. Imaginem um professor a liderar esta turma indisciplinada no ensino secundário, onde não são tidos em consideração os valores, mas os conhecimentos científicos. Tendo em conta que os elementos desta turma dizem e desdizem, não sabem o que dizem, não ouvem ninguém, os 25% da oralidade teria de ser zero: não souberam escutar e, por isso, não souberam responder às questões formuladas e às exigências de um bem-estar social. Quanto aos conhecimentos científicos, tendo em conta que valem 75%, o cuidado da escrita, a falta de apetências para estudar e compreenderem o país é praticamente nula. A avaliação terá de ser, mais uma vez, no caso do ensino secundário, tendo em conta a turma de registo, de 7 valores, depois de uma ou duas noites de desassossego.
Passados tantos anos e perante tanta ingratidão e falta de respeito da Tutela, do Mec, concluo que lutei com coragem e dedicação por todos aqueles que hoje não me consideram Pessoa, que me rotulam por um número, apenas mais um número, “um zero à esquerda ”-um horário zero, como se o mundo pelo que lutei toda a vida desabasse a meus pés! Lutei pelo futuro do meu País e pelos meus ideais, tal soldado em terra estranha e desconhecida, perdendo a vida e agora querem fazer-me desaparecer! Desconsiderei todos aqueles que me são próximos e que estão comigo todos os dias, na saúde e na doença, os meus queridos filhos, a família que me ama pela Pessoa que sou, alguém que vive entre o Cá e o Lá – Família e Ensino e que nunca desiste do sonho em que sempre acreditou – Lutar por um mundo melhor, tal como a criança pinta as cores do Arco-íris.
Nos últimos tempos tem-se criado um abismo social ao qual abrimos portas, porque compactuamos. Como cidadãos e, sobretudo, como professores devemos lutar por um futuro audaz e brilhante. Os nossos filhos merecem. Nós merecemos e todos juntos, unidos no mesmo laço, em prol do conhecimento, da cultura e da verdadeira realização profissional dos filhos desta Nação, que se chama Portugal, chegaremos mais longe.
Amo o meu País e luto pela equidade de valores.


Berta Quental Prata, Professora, Mãe, esposa e avó – Qual será a minha avaliação?


 (04/11/2013)

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