sexta-feira, 18 de março de 2016

Levaste-me o medo…
Como se o medo, aquele momento, pudesse ser levado,
Como se um segundo da nossa vida fosse controlado!
Levaste-me o medo…
Roubaste-me momentos de felicidade.
Levaste-me alegrias,
Roubaste-me a luz do dia.
Levaste-me o medo…
Não! Não levaste!
O medo continua aqui.
Aqui…
Esse medo…
Esse degredo
Desse mísero Amor,
Desse Amor, 
Dessa paixão
Escravidão
A que chamam 
AMOR!


 (06/03/2016)
O rosto de uma Mulher
Talhado e pintado pelas mãos do escultor,
Torneado em pinceladas singelas.
É este rosto de Mulher,
Com a face da donzela, da Mãe, de um beijo de Amor,
Traços de uma guerreira, em aguarelas.
Assim se pinta com letras deleitáveis
A mais bela mensagem a uma Mulher.


 (08/03/2016)
A magia de ser Mulher,
Mãe e companheira...
A magia de ver
Além fronteira!
A Mulher, esse ser presente
Na vida e no percurso de gente
Que cresce e vive serenamente!
Ser Mulher é ser o sol e a lua,
É ser o vento e a brisa,
É saber ver a revolta e a lágrima,
Saber sonhar na Graça, que é tua.
Segurar a lágrima,
Que teima e grita,
É a nossa bandeira.
Vivemos na sombra da imensidão,
E somos a árvore que rodeia
E abraça com paixão.

Sejam a árvore!
Mãos singelas que se entrelaçam,
Tocam-se, perto ou longe.
Não importa a distância.
Mãos de laços que se abraçam,
Mãos de Amor que no horizonte
Infinito se procuram como crianças
Em busca da Paz.
Mãos, gestos, laços,…
Que não se importam com a distância,
Pensam e amam com a Esperança,
E acreditam que para além de todos os embaraços
Criados pela comunidade,
As mãos do Amor e da Paz
Estão presentes, suscitam Paz.

(18/12/2015)


quinta-feira, 17 de março de 2016

Há alguns anos atrás, uma vida tentava ressurgir…

Tu, minha filha.

Às 20 horas de vinte e um de fevereiro,
Por esta hora, já aguardava na maternidade
Pela tua chegada.
Surgiste à tua mãe, bela e perfeita,
Vieste relutante,
Mas chegaste por inteiro,
Expectante!

Amo-vos tanto!
Sejam felizes.

Estais longe, mas perto do coração.

Sois a minha bandeira, a haste erguida em qualquer situação.
A mística da escrita
A escrita é a palavra pintada e arrecadada
Que fica na memória e sempre registada
Num simples pedaço de papel envergonhado!

A escrita…
Não percebo como não amam a escrita,
O outro lado do rosto lavado!
Sem Ela, morreria um pouco de mim
E o pranto seria bem mais forte e ruidoso!
Amo a escrita que cheira a jasmim
E ao som do vento que chama por mim,
Que me levanta e me pede, airoso:
-Vem e segue-me, és parte do cosmos que rodeia
O Universo…
És a criança que chora e me norteia
No Amor,… nem sempre adverso!

Vem, vvvem, vvvvvem, vvvvvvvvveeeeeeeeemmmmmm…
Assim se prossegue, indo sempre mais além!
A escrita, a música, esse som celestial
Que une a palavra, o gesto e a Alma!
Essa palavra, essa melodia que nos eleva o astral
E nos acalma!

A letra, a palavra, a música, o retrato,
A pintura, a palavra pintada, a partitura,
Oh, meu Deus, como tudo é Vida,
Sol, chama, trato
Celestial,
Mágica Lua, de luz imprópria, mas pura!


(20/05/2013)
Uma aldeia calma e sossegada,
Palco de uma grande tragédia:
Uma criança que parte, sem saber o porquê;
Pais angustiados, desesperados, com a vida amargurada;
Um jovem perdido e sem alegria;
Todos, sem saberem o porquê.
Pensar em tudo isto, na dor de qualquer um,
É sentir-se ave depenada, sem vontade de voar,
Sem vontade de sentir ou crescer
Porque a dor é tanta, a dor de uns e de nenhuns,
É tanta, tão intensa, tão louco o grito, a dor de chorar,
Tão efémera a oração, tão fugaz a curta vida,
Tão triste o momento e tão longo o sofrimento!...
Tentar perceber o que nos rodeia, a blasfémia,
O roubo, a traição, os falsos profetas, a indignidade,
O momento, os passos dados para o crescimento…
Num ápice, tudo se esvai nesta vida efémera,
Em tudo igual ao espaço, palco da eternidade!


(janeiro, 2013)
Adoro ser professora apesar das imensas contrariedades.
Houve um tempo em que quis deixar tudo, abandonar o sonho de criança.
Há sempre tempo para repensar e sentir saudades
De liderar turmas, alunos cheios de boa vontade e de esperança.
Concluí que ninguém me pode roubar o meu sonho, a minha quimera.
Sou a única que rege meu destino e força de vontade,
Sujeita, contudo, às politiquices e arremedos de uma sociedade,
Perdida nos escombros do egoísmo e do medo, esquecida a Primavera
Da vida, do desejo de lutar, de sentir o coração pulsar!
Adoro a minha profissão: -Sou professora por vocação.
Por isso,  pedi e peço esclarecimentos e luto pela justiça e liberdade.
É tão bom ouvir: - Professora, vai-nos dar substituição?
E na angústia do Ser, é-se livre de verdade!
Não preciso cumprir programas, dar notas, corrigir testes,
Ainda que seja tudo isso que me enche por inteiro!
Sou eu, cumpro o dever exigido e tenho a Liberdade
E o prazer
De fazer escrever
Os textos, as memórias, os sonhos e brincadeiras!
Continuo na plataforma, a famosa RR do MEC e dos diretores,
Estes que podem e cortam a seu belo prazer,
Onde cada um age como o entender.
Uns pedem, suplicam a esses gestores
Que lhes deem igual direito e tratamento dos demais.
Outros, aguardam com honra, esta que nos faz homens por inteiro.
Não por orgulho, mas com a honorabilidade
De que não se esqueçam jamais,
Que a Lei cumpre-se para todos os iguais.
É essa a bandeira da dignidade.
(Há tantos professores em horário zero por essas escolas e tão poucas na plataforma!!)


 (16/01/2013)
A vida é um fio de prata que desliga quando sopra a aragem da eternidade.
O fio solta-se, de leve, e, mansamente, chama o espírito a desfalecer.
Quando chega a hora da verdade,
O corpo desce à terra e a Alma segue o rumo para voltar a rever
O destino que então traçara,
Antes de se ligar ao fio de prata que entretanto encomendara.

Carpe diem, de forma justa e verdadeira,

Sendo a cada instante uma pessoa inteira!
A uma Flor de casta, venho beijar,
Amar, amar,...
Porque sempre soube estar
Contigo.
Há corações que batem sem palmas;
Outros há que precisam delas.
Para ti, Amiga, as palmas,
As estrelas, o mundo, a vida.
Que se abram as janelas
Da vida não vendida.

A todas as Mães do Universo,
Neste infinito tão disperso…
Onde a Mãe parece ser o reverso
Neste colapso em que tudo se perdeu.

Feliz dia da Mãe!...
A Mãe é tudo o que ainda não se vendeu.
A Mãe é o Astro que beija,
A Flor que cheira
E esparge Amor, Carinho e Compreensão.
A Mãe é Luz e Perdão.
A Mãe é Amor Eterno, sem outra esteira
Que não seja a dádiva incondicional.
Neste dia especial,
O dia da Mãe,
Que se iluminem as estrelas incandescentes,
Que voem pelos ares resplandecentes,
E que se escreva nesse rasto de Luz:
- M-Ã-E.

 (05/05/2013)
“Que é, pois, realismo (…) É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos que somos verdadeiros ou falsos, para consenar o que houver de mau numa sociedade.”
Eça de Queirós, “4ª conferência”

O Carnaval…
O travesti humano, a essência, ou não!
O travesti, entre a brincadeira e a verdade.
É a arte que nos pinta, a imaginação,
A essência, a verdade ou falsidade!
É carnaval!...
Houve tempo que não achava engraçado.
Neste tempo, a revolta nasce e tem coragem
Para evidenciar um mundo desnorteado
E, o tempo renasce e cresce nesta aragem.
Por isso, festejemos o travesti e o carnaval
Onde a verdade impera, sem outro mal:
Pretende atingir quem os leva a mal!
O carnaval…
Afinal,
Reúne amigos e família
Com muita alegria!
Viva o Carnaval!


 (11/02/2013)
Em todo o lado há Anjos que nos dão
A mão.
Onde menos esperamos, lá está Ele
De braços abertos, espargindo amor!
A maior dádiva da vida
São os filhos, a família
Onde crescemos a aprender.
Quando se luta, alcançamos a alegria
De bem-fazer.

Há muitos anos, fui mãe de um príncipe.
Catorze meses depois, mãe de uma princesa.
São tudo o que uns pais podem desejar:
Amigos e companheiros
Por inteiro.
São as rosas mais lindas do nosso jardim,
A alegria do nosso lar.

Em todo lado há Anjos que nos dão
A mão
E nos dão força para continuar.
(Um obrigada
A todos os amigos da caminhada.)


10/02/2016)
Esta, foi uma semana de muita mágoa e dor
Para todos os que sentiram fugir o sopro da vida!
Três seres que partiram e deixaram ao seu redor
A dor da saudade e do tempo que passou.
(além de tantos outros desconhecidos)
Uma criança, na plenitude da vida,
Uma senhora queimada pela fogueira,
Um senhor que uniu e deixou
A família de rastos, mas inteira.
Tanto sofrimento por cada canto deste recanto,
Tanta lágrima chorada, sem ser em vão.
Neste país à beira do abismo, só os governantes
Se sentirão felizes, uma felicidade fugaz,
Porque quem ama, ergue o canto
Além chamas, além da solidão
E dá força à vida, dando tudo de que é capaz!
Um dia não haverá governante desonesto,
Não haverá boys e outros que tais!
Quando chegar o momento da verdade,
Sentirão os ares funestos,
E não se esquecerão jamais
De que o que plantaram foram falsidades,
Tentando enganar a eternidade.
É fácil enganar o povo que aconchega a esperança,
Mas não será fácil calar a consciência
Quando acordarem, esperando a bem aventurança

De quem não soube observar a sua essência!
Gosto da palavra "tempo" e do Tempo que ela me traz!
Servir o Tempo é dar gosto à vida,
Aconchegá-la ao coração.
Por isso, gosto do que o Tempo me faz,
Do vento, do sopro que me acaricia
E me bate, erguendo-me do chão!


Notei quando me chamavam, acariciando o meu rosto, fazendo-me respirar num estado de hipotensão. Na inconsciência de ser, a paz envolvia-me, uma santa paz, um momento único.
“Acorde, respire fundo, tussa!...” A voz repetia com carinho, uma e outra vez, em espaços de momentos, provavelmente curtos. Repercutia-se no cérebro, despertava para a vida.
Despertar ou não?!
Ao pensamento inconsciente, a voz vinha de longe, porque o estado de espírito era tão salutar, tão em paz, que despertar para a realidade não era um chamamento assim tão plausível.
É assim o efeito de uma anestesia geral. Veio-me à cabeça a vontade de me deixar ir, era tão fácil! Mesmo fácil! Lembrava-me de pessoas que entretanto já partiram, e senti uma certa liberdade existencial, o direito de escolha, o direito de não sentir a dor. Era como se os sentisse ao meu lado, orientando-me, também eles pedindo para respirar e tossir, acordando-me para a realidade. Caso estranho.
Tenho andado triste, calma demais, …
Concluo, que o Homem é um ser insatisfeito e egoísta. Choramos os que partem, porque eles nos fazem falta, mas quem vai, deve sentir essa liberdade de se reencontrar com outra dimensão mais profunda.
Muitos relatos haverão, muito mais profundos do que este. Era bom que cada um, de algum modo, nos mostrasse esse estado de letargia, como o sentiu, como o viveu.
Como sempre, igual a mim própria. Não resisto.
(15/12/15)


O local de trabalho deve ser construtivo e sadio,
Livre de intrigas e de vozes silenciosas,
Caladas, surdas, em surdina.
Não há água que corra límpida no rio,
Se as brechas não forem rasgadas e caprichosas!
Não há mar, não há vozes retidas numa tina,
Pronta a transbordar,
Prestes a romper as fontes da terra,
A natureza que tudo encerra
E que grita por se libertar!

Sou livre, … sinto-me liberta de amarras,
Solta como o vento que sussurra
Depois de ventanias e de garras
Que o quiseram prender!
Sou ave, de novo, que pousa na árvore que cresce
E que, em cada momento, rejuvenesce!
Ah! Liberdade!...

(15/02/2013)
Vivemos todos com o medo do futuro.
Ponto final.
Não será por isso, que nos iremos acovardar,
Nem esmorecer!
É certo o medo do futuro,
Mas o pior é morrer
E contra isso, nada a fazer!
A Morte chega e arrebata a todos os que quer.
Ponto final.
Agora, … a Vida ensina-nos a sobreviver
E a lutar antes que a vida expire!
É neste Agora que temos de vencer
O medo e lutar contra a devassidão,
O roubo e a podridão
Que grassa por esta cambada
De incompetentes
Que mente
Descaradamente
E que julga calar
A Fonte da revolta
Que se solta,
Ainda, mansamente.
A revolta
A corda que já não tem nó,
A revolta que cresce, já sem dó!
E é na Casa da Democracia,
Essa Casa que é Nossa
E não deles, dos aldrabões!
A AR é do povo e não dos vendilhões!

Berta Quental Prata (05/05/2013)
Entre o Cá e o Lá…
É costume utilizar-se esta ideia em autores da Literatura Portuguesa: Bocage, Camões, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, entre outros, onde o Cá representa os dilemas da Terra e o Lá, a busca do sonho e da felicidade, a incógnita do que está para além da vida.
Não é preciso ir tão longe. A dor de Alma, as problemáticas sociais, a vida, a dor de sentir é uma característica do ser humano, sobretudo no contexto sociocultural, político e económico em que vivemos, onde a pessoa é esquecida a favor de entidades que desconhecemos, rotuladas pela abstração total – o número.
A Terra é uma boa Escola de aprendizagens e de crescimento, uma fonte que jorra múltiplas experiências, nem sempre de prazer.
Sem Professores não há Esperança, não há sonhos, não há verdade e transparência. A Escola Pública precisa de ser dignificada, não pelos Professores, que estão sobrecarregados de tarefas, muitos já sem forças, mas pela tutela, pelos alunos que a frequentam e pelos Pais que a Ela recorrem. Quando se fala em redução da classe docente, está em causa o desemprego para muitos, mas mais grave do que isso, serão as turmas de 30 ou mais alunos e, tal como já referi tantas vezes, é muito grave, tendo em conta o contexto socioeconómico que vivemos. É hora de refletirmos sobre o muito que se diz, sem se ter uma consciência real do que se fala.
O governo é uma turma indisciplinada, é um jogo de vaidades, …
Imaginem um professor a liderar esta turma. Ponderando a avaliação, tendo em conta os critérios de avaliação do segundo e terceiros ciclos, considerando valores: assiduidade, trabalho de casa, comportamento/postura, honestidade, transparência, a nota a atribuir seria de 1; considerando conhecimentos (tendo em conta que os mesmos abrangem a escolha de parceiros de governação e os próprios conhecimentos científicos da área política) a avaliação atribuída seria de 2. O total da avaliação seria 2, nota negativa. Imaginem um professor a liderar esta turma indisciplinada no ensino secundário, onde não são tidos em consideração os valores, mas os conhecimentos científicos. Tendo em conta que os elementos desta turma dizem e desdizem, não sabem o que dizem, não ouvem ninguém, os 25% da oralidade teria de ser zero: não souberam escutar e, por isso, não souberam responder às questões formuladas e às exigências de um bem-estar social. Quanto aos conhecimentos científicos, tendo em conta que valem 75%, o cuidado da escrita, a falta de apetências para estudar e compreenderem o país é praticamente nula. A avaliação terá de ser, mais uma vez, no caso do ensino secundário, tendo em conta a turma de registo, de 7 valores, depois de uma ou duas noites de desassossego.
Passados tantos anos e perante tanta ingratidão e falta de respeito da Tutela, do Mec, concluo que lutei com coragem e dedicação por todos aqueles que hoje não me consideram Pessoa, que me rotulam por um número, apenas mais um número, “um zero à esquerda ”-um horário zero, como se o mundo pelo que lutei toda a vida desabasse a meus pés! Lutei pelo futuro do meu País e pelos meus ideais, tal soldado em terra estranha e desconhecida, perdendo a vida e agora querem fazer-me desaparecer! Desconsiderei todos aqueles que me são próximos e que estão comigo todos os dias, na saúde e na doença, os meus queridos filhos, a família que me ama pela Pessoa que sou, alguém que vive entre o Cá e o Lá – Família e Ensino e que nunca desiste do sonho em que sempre acreditou – Lutar por um mundo melhor, tal como a criança pinta as cores do Arco-íris.
Nos últimos tempos tem-se criado um abismo social ao qual abrimos portas, porque compactuamos. Como cidadãos e, sobretudo, como professores devemos lutar por um futuro audaz e brilhante. Os nossos filhos merecem. Nós merecemos e todos juntos, unidos no mesmo laço, em prol do conhecimento, da cultura e da verdadeira realização profissional dos filhos desta Nação, que se chama Portugal, chegaremos mais longe.
Amo o meu País e luto pela equidade de valores.


Berta Quental Prata, Professora, Mãe, esposa e avó – Qual será a minha avaliação?


 (04/11/2013)
Trago tudo isso comigo, os lugares, as gentes,
As paisagens que me enterneceram,
Os sonhos, o que quis e o que quero.
Guardo em mim as sombras, a verdade luzente,
As alegrias que me preencheram,
As janelas que eu quis e quero.
E o cofre, que não se pode fechar de cheio,
Enche-me por inteiro
E abre as portas a todos os que abraçaram
A vida comigo, como quisemos e como quero.

(12/03/2013)

A todos os que conheci ao longo de toda a minha existência e a quem devo o prazer de aprender a viver e a crescer, enquanto ser humano. Trago comigo... Um abraço.
Viver é uma máxima atribulada,
Um caminho que nos é talhado, sem liberdade.
Cada passo, cada gesto, cada palavra
São um tudo e o nada!
A palavra já não tem credibilidade.
O gesto já não se lavra.
Os laços são cada vez mais frágeis
E indissociáveis
Da loucura que cresce sem idade.

Berta Quental Prata (13/09/2015)


Viver é resistir com Alma,
Nessa chama que nos abraça,
Nessa Luz que nos acalma,
Nessa ternura que se adensa
Que nos traça
O caminho que compensa.

Um abraço a todos os que
sentem a beleza da espiritualidade.

O homem nasce nu, despido de roupagem,
Como pobre, acariciado no ventre materno,
Alheio ao mundo que o vai acolher.
Não traz consigo a raiva, a vingança ou a dor.
Desconhece o mundo que o fará viver,
Desconhece o caminho que o trouxe de volta,
À terra de ninguém, ainda envolta
Em neblina cristalina.
O homem nasce nu, liberto de luxúrias e de prazer,
Liberto de ódios e maldições.
Vem para crescer
E desenvolver
A personalidade, o amor, vencer tradições
Seculares,  que o fizeram padecer.
E, neste percurso humano, sorri à vida,
Grita de prazer,
Chora por tudo e por nada,
E vive olhando a flor a brotar,
Ouvindo o pássaro cantar,
Sorrindo,  por tudo e por nada.
Cresce e vai desnudando
A alma, o corpo em crescimento.
Observa o outro, a si, desnudando-se,
Descobrindo o que o envolve,
Tal bicho selvagem,
Que se esconde em si mesmo,
Perdido agora na imagem
Guardada na relíquia do tempo
Que o abandonou à sorte e destino,
Em desatino,
Sem outro momento
Diferente da solidão.
Seres mudos e transitórios,
Surdos, aterrados,
Perdidos na imensidão
De círculos giratórios,
À espera de serem amados.


O Galo, pela madrugada,
Canta: Cocorócocó,
- Quem manda na capoeira sou eu!
As galinhas zangadas,
Arremedam:
Cocócocó…
- Que espanto é o seu?!
Então, não se falam as comadres,
Cochicham em todo o lado
E , no silêncio da noite,
Antes que chegue a madrugada,
Lá estão, lado a lado,
À espera de um açoite?!
Enquanto isso, o galo beija a galinha,
Dá-lhe palmadas nas costas
E diz, sem pejo e sem linha:
- Quem manda sou eu!
E ai daquele, porque o faço em postas
E levo-o ao caldeirão, na cozinha!


Berta Quental Prata
O espelho…
Quando nos olhamos ao espelho, vemos a imagem,
Aquela visão autocrítica, que nos leva a afirmar:
- Estou bela, sinto uma nova aragem,
Um desejo imenso de me encontrar!
Ou, então, aquela outra imagem:
- Sinto-me tão triste, não gosto do meu olhar,
Não gosto dos lábios, das olheiras…
O mundo lá fora, é uma amarga roseira!
Sinto-me tão só, tão, …tão…
O reflexo no espelho é Alma e coração,
É pura emoção a vibrar!
O olhar transborda, preso num desejo louco
De viver!
E, nós, que esperamos tão pouco,
Assistimos à vida e ao ser a desfalecer.


Berta Quental Prata (01/10/2012)
A vida traz-nos dissabores,
Amargos e dolorosos.
Aprende-se com os erros
E,  entre gestos e flores,
Seguram-se os fios fibrosos,
Duros de roer, entre os erros.

Erramos por confiar em demasia;
Erramos por ser honestos e leais.
Há quem goste que lhe passe a mão
E, na cobarde ousadia,
Prefere a confusão
À verdadeira elegia!
E vamos lá compreender o mundo!...

Berta Quental Prata (12/10/2012)



A poesia é isto tudo e mais que tudo!
É Vida que brota da rocha
É fogo que apaga o entrudo
E com que se acende a tocha!
O desvendar do pensamento
Para se apagar o tormento
No aquece e arrefece
E na vida que cresce.


Berta Quental Prata
A minha Pátria é o mundo de águas cruzadas,
De gestos, palavras e sons impuros,
Prostrados no pântano de leis amaldiçoadas,
Geladas no tempo, de governos impuros.
Cerrem meus lábios, como um muro!
Que eu cale, no silêncio amordaçado,
A terra sem flor, a fonte sem água, a eternidade!
Que esmoreça, queime e acenda a sede
Ao viajante, cego e cansado
Da hipocrisia do homem, que se julga divindade!
Ah! Força suprema e única, capaz de derrubar
A força de vida, a tenacidade
Dos que lutam por alcançar a fluidez do ar!

A minha Pátria é o Mundo!
A minha Alma é a Língua Portuguesa.
(…)/“Contra os canhões, marchar, marchar/…”
No Hino,… vai-se ao mundo,…
Entrega-se a vida e, é com tristeza,
Que dizemos, de novo:
“Contra os canhões marchar, marchar”
Na ignorância de um povo
Que caminha, ao amanhecer, sem acordar.


                        Berta  Quental Prata
A Vida dá ar de si…

Há momentos na nossa vida que não têm explicação.
São tão simples e singelos, tão fugazes,…
Tão vividos e sentidos!
Acordámos e pensámos: - será fruto da imaginação?!
- Será…a verdade de cada um, as crenças sagazes
Que nos sustentam o hoje sofrido.

Sonhei com ela, que já partiu,
Mas não a vi.
Senti.

Era como se me amasse
E me tranquilizasse.
Como se me quisesse agradecer
Tempos por explicar.
Regressou para me beijar.
Acordei!
Senti-me leve, com o coração
A transbordar de tranquilidade,
Como se a vida fosse emoção!

São assim os laços da eternidade.

Berta Quental Prata (16/03/2016)


Os nossos Anjos

Os Anjos das nossas vidas
Um momento de silêncio pela incompreensão
Dos que partem, sem culpa, sem razão.
Um momento de silêncio pelos que se vão
Na dor intensa da ausência, na dor incomensurável
De quem perde um filho, o Amor mais verdadeiro,
Deste Mundo, um Amor além Fronteiras!
Não se quantifica, nem se mede esta dor insuportável!
Um momento de silêncio pelos seres angelicais
Que se vão deste Mundo e que não se esquecem jamais!
Tão puros, tão inocentes, sem culpas, sem vida
Constituída!
Sem mácula, na mágoa e na dor sofrida
Dos seus,
Dos teus e dos meus.
Um abraço ao mundo que os perdeu!

Berta Quental Prata (15/03/2012)