quinta-feira, 26 de abril de 2012
A vida dá que pensar. Hoje tive um susto de morte e mexeu comigo, com a minha reflexão sobre o que faço ou não faço da minha vida. Com a idade, dou, cada vez mais valor à família, que quase não temos. Cumprimos um horário extenso e trazemos para casa o horário de trabalho, o que temos de fazer, o que temos de consultar no E-mail…tantas horas desperdiçadas, ou não. A verdade é que a família, hoje mais do que nunca, compreende que temos de fazer esse esforço todo para garantir o posto de trabalho. Contudo, nunca ninguém compreenderá o que é ser professor, nem mesmo os nossos, que se sentem, muitas vezes, relegados para segundo plano. E nós, quem somos? Vivemos a escola, a profissão, os alunos, os pais, a família, pensamos em todos, tentamos dar o melhor a todos e, quem pensa em nós?! Somos esquecidos por todos. Quem é o “EU” ator do processo? Será justo caminharmos na vida sem que se deem conta de que existimos?!
Hoje, fiz dois peões na estrada. Ia devagar. Deveria ter apanhado óleo…Quem sabe, se nem eu o sei? Passa-nos para cabeça, naquele momento intraduzível, o nada!
Chego à escola, dou as minhas aulas e, quando estava de saída, dois alunos dirigem-se –me, alterados, porque chegaram atrasados à aula e o professor lhes disse que tinham falta. Eles saíram da aula e depois vieram ter comigo, na qualidade de Diretora de Turma, para pedir ao professor para lhes tirar a falta. Como é que alguém pode fazer isso, se eles não tiveram a humildade de ficar na aula, nem o prazer de ouvir a matéria, mesmo com falta, e pedir ao professor para a retirar no final da aula, justificando a razão do porquê? Porque tinham ido lanchar…Como se os professores tivessem direito de lanchar, ou de almoçar, e deixar os alunos espera!
Tudo isto me fez refletir sobre o mundo em que vivemos, sobre a responsabilidade que compete a cada um, individualmente, e a todos no seu conjunto. Quando lhes disse para voltarem para a aula e pedir desculpa ao professor, depois de ouvida toda a argumentação possível para que os acompanhasse (coisa que não fiz), lá foram, revoltados, como se o professor tivesse agido de forma incorreta.
Creio que precisamos de mais tempo para educar do que para ensinar. Não há aprendizagem que resista quando os alunos não têm consciência das suas responsabilidades.
O que é que se pode fazer quando não há respeito, quando não há educação e consciência do percurso inadequado ao bem comum da sociedade, neste caso, a Escola?!
Os pais não conseguem fazer nada deles. E nós?
Somos professores e não pais!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário