Nós, os portugueses e, de entre estes, os professores, merecemos tudo o que temos e o que não temos, por culpa de muitos. Somos o reflexo de uma sociedade de mentira, de hipocrisia e de instabilidade, de falta de valores. Todos cometemos erros, alguns graves, outros menos graves. Todos somos pessoas.
A escola de hoje, falha. Deixamo-nos levar pelo sistema corrupto dos nossos sucessivos governos e aprendemos com eles essa negatividade. Queixámo-nos de quê? Por ter trabalho, ou ausência dele?! Quem o não tem, daria tudo para o ter. Quem o tem, vive à espreita de agir, de desconstruir!
Esta é a sensação que tenho da escola de hoje – um ambiente não aconselhável. Escondemo-nos para não nos magoarmos, para não nos magoarem. Tentamo-nos proteger, associando ao esconderijo a bem aventurança. Sentimo-nos incompletos porque calamos para não sermos atingidos, o que é grave porque quem cala consente. A voz, ou vozes terão de ser ouvidas, o descontentamento, o suplício que reside no pensarmos no trabalho e nas dificuldades que nos esperam. Como resistir, como construir, como fazer ou agir, como crescer, sem se deixar morrer? Ninguém nos apoia, ninguém nos protege, somos barco à deriva, tentando ser fortes individualmente e ser exemplo da sociedade em que vivemos, pois só assim poderemos ser mestres dos nossos alunos e encaminhá-los para um caminho certo, agora tão duro e tão inóspito. É o país em que vivemos e adaptarmo-nos a esta nova realidade não será fácil para ninguém.
O que é uma escola?
O conceito que tenho de escola é de um lugar propício ao desenvolvimento do conhecimento, de um espaço de harmonia, onde todos se conjugam para propiciar um ambiente de trabalho saudável, um espaço onde todos trabalham para o mesmo fim, desde a direção, aos serviços administrativos, ao pessoal não docente mas, sobretudo, ao pessoal docente. É este um ambiente que sempre privilegiei e continuarei a privilegiar. Vejo um ambiente de escola que contraria tudo o que acabei de afirmar, pois as pessoas, e falo em pessoas, o que me é muito grato, não se assumem, enquanto responsáveis por climas de trabalho menos bons. Será que já não basta todas as burocracias que o governo e as leis do ME nos impõe, e que nos desgasta? Também nós seremos o símbolo dessa burocracia que todos abominamos? Desculpem-me. Sou gente e não me consigo calar. Entenda-se quem tiver de se entender e não criem um ambiente de negatividade, que já não é propício ao desenvolvimento do querer e do saber ser Professor. Gosto de lidar com pessoas, porque contribui para a minha construção enquanto ser humano. Espero que saibamos preservar o “nosso espaço escola” e crescermos conjuntamente, apoiando-nos e protegendo-nos.
Berta Olga Torres Quental de Oliveira Prata, 54 anos de vida e de experiências múltiplas do crescimento do ser humano. Gostava de continuar a apostar no grande sonho da minha vida – ser Professora. Deixem-nos trabalhar.
Já agora, aproveito para desejar um Natal Feliz e que o Ano Novo nos traga o que desejamos de verdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário